Sério: foi a maior hype literária entre jovens que alguém já viu (exceto quando lançaram a Playboy, ou a Hustler). Agora, com a primeira parte do último título da série, encontramos o desfecho de um evento global, que evidenciou a literatura juvenil como um mercado de gente grande; se alguém duvida, pode perguntar à Rowling quantas verdinhas ela fez com a franquia.
Como fã da série, posso dizer que a habilidade narrativa de Rowling é excelente; sua capacidade de contar a história, mantendo alguma tensão do inicio até o fim do romance, lançando pistas falsas através do texto e amarrando a história ao final, sem deixar muitas pontas soltas, é algo admirável.
Assista e me conte o que achou. |
Para os conservadores engomadinhos de plantão: isso não quer dizer que ela é um gênio da escrita; muitas vezes você percebe os vícios de linguagem (expressões que se repetem através dos livros, descrições batidas ou clichês... A lista é longa.). As vezes, até pensamos "ela não foi feliz nesta metáfora". Mas aí é que está o pulo do gato: jovens não se importam tanto com a forma como as coisas são feitas. Estas falhas, na maioria das vezes e principalmente em leitores casuais, destreinados, passam despercebidas. É algo que não afeta o teor da história tecida.
Resumindo, o que eu sempre digo da Rowling é: ela é uma ótima contadora de histórias, mas não sabe escrevê-las tão bem.
Agora, genial mesmo é a forma como o diretor David Yates, narrou o filme recém-lançado; uma verdadeira aula de como se manter tensão, suspense, sem fazer o espectador dormir, ou querer dormir, de qualquer forma. Quero dizer, nem o livro conseguiu esta proeza; e o filme leva o mesmo passo do livro: cadenciado, lento, tenso, suspenso; e mesmo assim, você não se cansa das cenas. E tem três (3, III) HORAS de duração.
A genialidade está entre manter o espectador suspenso - que é, basicamente o quase acontecer - e apresentar cenas de tensão e velocidade. A forma como se costura estas duas extremidades é aonde se vê a habilidade.
Harry Potter e as Relíquias da Morte desliza na tela, lançando as bases de tensão que serão abatidas no parte seguinte - que aliás, promete ser inteiro feito em clímax. O filme desenrola as cenas com paciência, dando tempo para o efeito emotivo atingir o espectador, dando peso às ações dos atores. Aliás, acho que agora sabemos o porquê deste elenco se manter desde 2001: quando você assiste, não há duvidas que sejam as melhores escolhas; os hábitos, as expressões, os tiques incorporados às personagens. Tudo te transporta para o filme; até os figurantes no fundo da cena.
Vader fazendo pesquisa de mercado |
É algo, na verdade, que acontece desde o filme 3: a criação de toda uma atmosfera que envolve as cenas. É a lapidação da "suspensão da descrença", algo que não foi muito foco nos filmes de Chris Columbus, diretor dos dois primeiros fiascosFAIL filmes, que não contavam com a liberdade narrativa dos outros filmes (claro que esta mudança de mentalidade pode ter sido motivada por outros fatores e nomes, mas eu prefiro acreditar que o diretor é que foi noob); é algo que só acrescenta à experiência ver que no fundo da cena, outros bruxos estão praticando magias, ou limpando a casa com as varinhas; acho que, da atualidade, estes filmes são os que mantém a suspensão da descrença com maior sucesso e com menor impacto.
E você, o que acha? Ama, deteste, suporta, curte, lê? Assistiu o filme?
Compartilhe conosco; sempre é bom ouvir outra opinião.
0 Falatórios:
Postar um comentário