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terça-feira, novembro 30, 2010

No More Mr.Bad Guys


Pare para pensar um momento sobre os filmes que você assistiu durante nossa infância. Pense nos filmes de ação e aventura, bang-bangs, violência pastelão, onde o mocinho - que quase sempre matava mais pessoas que o próprio vilão - sempre tinha uma frase de efeito, com o cigarro meio torto na boca e o revólver fumegando na mão.

Este herói - durão, inflexível, macho - morreu. 
Estamos vivendo uma época de ressaca na indústria produtora de cultura - cinema e música principalmente, visto que quadrinhos e literatura são uma espécie de contra-cultura que não depende tanto do mainstream - onde o que se vende para o público são heróis fáceis, histórias rasas, clichês vazios. 

Feiticeiros aprendizes, gaypiros, gaybichomens, adolescentes atormentados tentando cortar os pulsos com o cartão de crédito da mamãe... Todos seguindo mais ou menos os mesmos estereótipos horrendos que vemos hoje em todas as esquinas: adolescentes com problemas em casa (novidade), adolescentes com problemas de personalidade (novidade). Adolescentes não resolvidos (surpresa). Logo, os adultos subsequentes também: sem profundidade, com problemas de personalidade, mal-resolvidos, não determinados, fracos. 

Todo bom herói chuta rabos. 
Ah, sim, não vamos entrar no mérito dos muitos artistas que seguem a mesma linha acima (problemas dentro e fora). Vamos simplesmente ignorar estes maus exemplos da realidade e nos focar apenas nos que nos causam mais impressão: os papéis representados por estes; afinal, ninguém gosta da realidade mesmo.

O que eu quero dizer, é: não temos mais modelos de comportamento decente, masculinos ou femininos (embora, em minha visão, os modelos femininos sejam os menos prejudicados - e até mesmo reforçados pela miríade de personagens sem testosterona alguma).  

Pare pra pensar sobre nosso modelo de educação familiar atual: cada vez menos participação parental, cada vez mais presença das mídias em nosso aprendizado, cada vez menos modelos concretos de comportamento decente, cada vez mais pessoas abstratas em outras cidades, através da tela do computador, influem em decisões sérias de nossas vidas. E muitas vezes, essas pessoas abstratas nos parecem mais reais que todo o resto.  

A partir desta panorâmica abstrata, olhemos para as crianças e adolescentes de hoje em dia, especificamente os brasileiros, é claro: escola pública perdendo qualidade, tornando todos homogêneos, sem senso de critica, sem cultura ou habilidades para adquiri-la. Crianças que antes cresciam com os Thundercats, com He-Man e G.I. Joe hoje crescem com Backyardigans, Hello Kitty, Padrinhos Mágicos e a superproteção da família: não se suje, não confronte.
Claro, ainda temos Ben 10 e outros dois ou três que se salvam; mas o quadro geral é rosa, senhores. 

Estamos perdendo, principalmente, os modelos de comportamento masculino em nossas mídias.

Thundercats HO!
Pode parecer exagerado, homofóbico, apocalíptico, fora da realidade, mas vejam vocês mesmos: nas áreas onde a cultura e a arte se cruzam - cinema e música; reparem nos novos modelos de galãs. Reparem por quem as garotas suspiram Hoje em Dia (Justin Bieber, Robert Pattinson, Jonas Brothers) e comparem com o nosso Ontem (Bruce Willis, Mel Gibson, Mickey Rourke, porra!, Iron Maiden, Black Sabbath) e tremam, homens das cavernas. Parece que estes tempos estão no fim, e isto me assusta. Muito.  

A própria transição do masculino/feminino, esta linha que separa os papéis - perceba que não estou falando de opção sexual, jovens, percebam - está cada vez mais tênue, cada vez menos existente.

Agora voltemos às crianças sem modelo de comportamento masculino. Voltemos aos nossos sobrinhos e filhos. Vamos às escolas, e contemplemos o bullying. Um garoto grande e imbecil (todos conhecemos - quem não conhece tem grandes chances de ter sido um) pega pra Cristo outro garoto; o resultado possível, Hoje em Dia, é um longo processo onde as mães e pais conversam na escola, resolvendo um problema comportamental através da burocracia cega das escolas. No final das contas, termina resolvendo: fuja do bully, garoto, e se esconda num lugar confortável. FAIL. Garoto continua apanhando, continua levando cuecão, continuam chamando ele de viadinho e o provocando enquanto ele tenta passar por baixo do radar. Eternamente. FAIL for LIFE.

Aprenda com os mestres, moleque!
Agora pense assim: um garoto grande e imbecil pega pra cristo um jovem Clint Eastwood, ou Wesley Snipes, ou, melhor, Chuck Norris; resultado: ROUNDHOUSE KICK no nariz, ponto pro moleque, chora bastardo bully, me pega lá fora, se contar pra sua mamãe ou papai, bato neles também.

Então damos um salto para o futuro: o 1º garoto (apelidado de Bieber a partir de agora) tem altas chances de virar um adulto que não sabe resolver seus problemas; Bieber não sabe enfrentar opressores, não sabe impor sua opinião, não pensa por si próprio. O jovem Clint, por sua vez, tenta se virar com os problemas, tem peito pra enfrentar opressores, expressa opinião sem tantos problemas, talvez pense por si próprio.

III.  Você provavelmente conhece uma criança/adolescente desta geração; se sim, provavelmente já encontrou diversas evidências de que os modelos de hoje em dia são todos chorões medrosos e cheios de proteções familiares; "mamãe falou que é perigoso brincar de esconde-esconde à noite", "papai falou que não posso brincar de policia e ladrão". Pra quê isso, meu Deus. 

Nossas crianças precisam aprender a se defender e a levar suas opiniões pra frente; precisam saber como se comportar diante das situações; neste quesito, quem melhor do que os Grandes de Ontem pra ensinar?, Rocky Balboa, os caras do Máquina Mortifera, Duro de Matar, os incontáveis Faroestes, Thundercats...

Quanta merda ensinam pras crianças hoje em dia, não? E você, concorda, discorda? Acha que estamos vivendo numa era de merda também, ou temos alguma coisa de bom no final das contas? Quais foram suas referências? 

2 Falatórios:

Anônimo disse...

É, e não é só isso, também existe a banalização da existência, que já é disseminadas há era como em Patricinhas de Beverly Hills, mas pense como os jovens resolvem tudo hj em dia, como a idéia de salvação vem a mente destas pessoas? Dinheiro, comprei um celular novo e fui aceito na rodinha! e coisas que me dão vergonha como "pq minha mão não me deixa falar com meus amigos na internet? Pq eu não posso ficar aki, Pq eu tenho q estudar história do Brasil, ou então o mais enervante:Eu acho a nossa cultura ridícula, eu nasci pra ser americana(o)/Inglesa(o)/insira aqui sua nova nacionalidade

Vergatti disse...

HAHA. Vi alguém descrito neste texto. Friggin' teenagers.