Todos gostamos de contar histórias. É nossa forma de passar conhecimento, transmitir experiências. Desde os nossos professores que nos contaram sobre Newton e a Maçã, Galileu, Invasões Vikings, Idade das Trevas, História Oriental até os games da atualidade.
Faz parte do pacote de ser humano. Não por acaso, nossas Sete Artes são outros espaços para a mesma dança, a mesma essência: contar histórias.
No entanto, por mais atávica que essa habilidade seja, ela não nos é de todo inata: se queremos melhorar precisamos treiná-la. Nesse ponto específico, grandes escritores recomendam e assinam em baixo: leia muito, e, sobretudo, escreva como se sua vida dependesse disso. Funcionou para muitos deles, pelo menos.
Mas há problemas que não vão embora com o excesso de escrita. E aí?
Medo de páginas em branco. |
I. Quando desenvolvemos uma história mais complexa, que requer uma capacidade de imaginação e abstração mais amplas, nos deparamos com diversas dificuldades; desde a simples questão "como escrevo isso" à sua forma mais complexa "como expresso isso".
Eventualmente, quando escrevemos uma história que exija mais de nossa capacidade de amarrar os fatos e os embalá-los em metáforas inteligentes, nos encontramos num ponto obscuro, representado por muitos escritores como o Bloqueio, a Parede, o Roadblock, o Inferno Astral, a Maldita Muralha da China.
Ao atingirmos este marco na viagem de escrever - ei, eu atingi, e nem escrevi setenta mil palavras ainda! - a coisa mais fácil a se fazer é entrar em desespero: brigar com o computador, máquina de escrever, iPad, bloco de notas e lápis.
Não importa: brigar contra o bloqueio é o jeito errado de se resolver.
Quando se trata de escrever, você precisa estar em acordo com você mesmo, em contato com você mesmo de uma maneira que a sinergia entre o que você pensa e escreve seja algo único e síncrono.
II. Grandes escritores dão dicas a novatos sobre como começar a escrever, e elas se aplicam aos terríveis bloqueios mentais. No que tange bloqueios devidos ao planejamento ou mesmo a um esboço antigo, Stephen King, o mais prolífico nesta categoria, tendo lançado o livro "On Writing - A Memoir of the Craft" que abrange sua experiência enquanto escritor, sugere uma série de coisas, passando desde o esboço inicial - sim, há um esboço inicial - e indo tão longe quanto selecionar um novo paradigma para escrever. Gostaria de destacar um trecho de uma entrevista ao The Observer, relacionado exatamente à essa mudança de paradigma:
I distrust plot for two reasons: first, because our lives are largely plotless, even when you add in all our reasonable precautions and careful planning; and second, because I believe plotting and the spontaneity of real creation aren't compatible.
O Mestre do Terror A strong enough situation renders the whole question of plot moot. The most interesting situations can usually be expressed as a What-if question:What if vampires invaded a small New England village? (Salem's Lot)(...)
(Tradução livre: "Eu desconfio de planejamento por duas razões: primeiro, porquê nossas vidas são amplamente não-planejadas, mesmo quando você adiciona todas as nossas preocupações racionais e planejamentos cuidadosos; e segundo, porquê eu acredito que planejar e a espontaneidade da verdadeira criação não são compatíveis. Uma situação forte o suficiente torna toda a questão do planejamento discutível. As situações mais interessantes usualmente podem ser expressadas como questões E-se: E se vampiros invadissem um pequeno vilarejo em New England?)
Esta é sua imaginação, gafanhoto. |
III. Há duas maneiras de se encarar o desenvolver de uma narrativa: aquela que é tracionada pelo plot, pelo planejamento e cumprimento de metas sobrepensadas, e aquelas que são puxadas pelas situações; ou seja, guiadas pelas linhas invisíveis do planejamento ou guiadas de acordo com as respostas dadas pelas personagens às situações propostas.
É fácil perceber como podemos ser amarrados pela falsa segurança oferecida pelas linhas de planejamento, o que pode nos levar ao famoso bloqueio. Uma das soluções possíveis para continuar desenvolvendo a narrativa é justamente retirar o foco do plano geral e seguir a historia com o feeling situacional guiado pelos personagens. Não quebrar a Parede com seus miolos; desviar dela.
No final, tudo o que você precisa fazer é se libertar um pouco das amarras impostas por você mesmo. Relaxe, tome um ar, refresque-se e procure outro ponto de vista. Às vezes tudo que você precisa é clarear a cabeça. E você, já encontrou dificuldades/bloqueios em um projeto em desenvolvimento, em qualquer área? Compartilhe conosco a experiência!
Keep kickin'
FONTES:
The Observer
37signals
Youtube - Dicas do Stephen King pra Iniciantes e outros.
FONTES:
The Observer
37signals
Youtube - Dicas do Stephen King pra Iniciantes e outros.
3 Falatórios:
Bloqueios para escrever.
Solução: pegue um cachimbo, sente-se, e fume.
Pode crer. Essa é a idéia: relaxa e viaja.
Prefiro ácool. Mas tem a tendência de me adormecer.
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