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quinta-feira, novembro 18, 2010

Idéias Enlatadas I - Criando um Sistema


Como muitos sabem, eu tenho muitas idéias represadas. Algumas delas são suficientemente boas para que eu as deixe tomar um ar (o caso de minhas aventuras literárias), enquanto outras são motivos de riso pessoal. Recentemente, concebi e venho desde então tratando, a idéia de um novo sistema de regras de RPG. Com isto, lembrei-me das barreiras que se impõe à criação do novo, ao desenvolvimento de novos conteúdos, e resolvi compartilhar com vocês minhas impressões, no intuito de gerar discussões. Shall we?


I. Muitos se lançam a famigerada aventura de construir um sistema de regras e acabam deslizando nos gigantes existentes, fazendo derivações e generalizações a partir de suas regras favoritas desses sistemas - inconscientemente, até - o que torna o sistema em criação uma prole deformada de seus melhores.

Todos sabem: isso é normal. Para criar um sistema, é necessário uma boa dose de abstração sobre como transportar o mundo real (ou imáginário, mais do que comumente) para o 2D das folhas de papel e dos dados palpáveis, numéricos. Essa etapa, abstração, já foi desenvolvida por aqueles que criaram os grandes sistemas, aqueles que trazem em suas linhas quantificações de habilidades abstratas e complexas para além das regras simples. Mais do que compreensível que derivemos um pouco algumas idéias ou regras.

E você, tem rolado dados?
Mas, se você estivesse criando um sistema, não seria exatamente para fugir dessa 'viseira' dos sistemas já existentes? Se você vai criar algo, não seria a inovação uma necessidade? Alguém têm que criar, afinal de contas.

II.  Tudo na vida precisa de um objetivo. Algo em que mirar. Um foco. Qual o foco pretendido pelo sistema que você planeja? O foco de um sistema é o que se pretende emular ao jogá-lo. Poderia ser um sem-número de coisas: fantasia medieval. Guerras, combate urbano. Space Opera. Vapor-punk. Era Vitoriana com ursinhos carinhosos. Enfim, o foco do seu sistema pode ser definido após a escolha de um tema. Já é um longo caminho andado se você sabe seu objetivo, pequeno gafanhoto.

III.  Escolhido o Foco, você pode por-se a desenvolver as partes práticas do sistema. Pense rápido: o que as ações a seguir têm em comum?


  • Um guerreiro intimida um mercador.
  • Um druida acalma um animal furioso.
  • Um ladrão se esconde de um grupo de busca.
  • Um mago evoca uma magia de ataque.

Resposta: conflito.

Então, a pergunta que você, gafanhoto criador de trecos, precisa responder é essa. Como resolver conflitos em meu sistema?
Pra chegar lá, primeiro tenha um alvo.

Essa é a pergunta crucial.

Dica: questione tudo. Muitos aspectos que temos como base em um sistema já estabelecido é questionável e até mesmo removível. Questione.

Em breve, voltaremos à esse tópico. E você, o que acha de RPG e seus muitos sistemas? Vê alguma forma de moldá-los, usa regras de mesa? Você ao menos joga?

2 Falatórios:

Anônimo disse...

Tudo ok em relação ao criar um sistema. Mas o grande conflito é no momento em que você percebe que montar um sistema é aprender a enxugar algumas opções e expandir outras e quando parar.

Vergatti disse...

Quando você inicia sua criação tendo como base outros sistemas, vc não podia estar mais certo: enxugar, expandir, descobrir quando parar.

Mas ao criar um novo sistema de regras, lançando novas bases, partindo do zero para, justamente, chegar em outras respostas para as resoluções de conflitos dentro de uma sessão - que são a razão de existência de toda e qualquer regra - você pode realmente inovar, seguindo outro caminho, sem se preocupar em derivar/melhorar/remover regras de outros sistemas.

Você parece ter experiência no assunto; já experimentou a criação de algum sistema?